segunda-feira, 30 de setembro de 2013

TUDO E NADA EM UM SÓ

A vida humana é algo definitivamente fascinante. As pessoas nada mais são que personagens num grande enredo de comédia, drama, terror, tragédia, suspense e romance. Contamos nossas próprias histórias enquanto ajudamos outros a contarem as suas, mas somos tão preocupados com nossos mínimos mundinhos – tão imensos para nós – que nunca conseguimos enxergar além.

Vamos fazer um breve exercício: pense em várias situações cotidianas possíveis, as mais diversas que conseguir. Por mais louco que pareça, é bem provável que todas tenham acontecido, em algum lugar, exatamente no momento em que você leu esta frase. Mais louco ainda é que muitas outras situações sequer imaginadas também ocorreram e nós nunca saberemos.

Somos os personagens principais e coadjuvantes, somos o cenário, a plateia, o diretor e a própria história. Somos tudo ao mesmo tempo e, ainda assim, simplesmente não existimos para a grande maioria. Tudo e nada em um só.

Nos consideramos únicos e adoramos repetir que "não existe ninguém igual a outro". Mas se pararmos para pensar, essa inabalável instituição do "eu" nada mais é do que um punhado das características já existentes em outras pessoas mescladas de uma maneira caótica, como num grande quebra-cabeças disforme, reunidas num recipiente que muda a cada segundo, eternamente buscando "o formato perfeito" – se é que ele existe.

Como é dito no filme O Homem Bicentenário: "O que torna alguém único são suas imperfeições". Para ser perfeito, é preciso ter falhas. Para ser tudo, é preciso ser nada.

Made of Steel

domingo, 15 de setembro de 2013

SENHOR DO TEMPO

Um dos aspectos mais notáveis sobre o tempo cronológico é o quanto nossa percepção dele é relativa. O mais comum é constatar que ele parece lento em momentos chatos ou incômodos, enquanto se acelera nos instantes de prazer e alegria. Afinal, esperar numa fila de banco pode durar uma eternidade, mas enfrentar a mesma fila enquanto se tem uma conversa agradável com um amigo torna-se uma experiência curta.

Porém, paradoxalmente, existem situações em que ocorre o inverso. Essas ocasiões são geralmente muito comemoradas, pois os momentos de prazer são expandidos enquanto os tediosos são comprimidos. Até hoje não encontrei um padrão para esses casos. Infelizmente, continuam sendo um grande mistério para mim, um tesouro a ser desvendado.

A maioria das pessoas ignora ou negligencia esse relativismo do tempo. Ficam totalmente passivas imaginando que nada podem fazer para alterar essa situação. Acreditam que são reféns, incapazes de alterar suas próprias percepções sobre o avanço das horas. Mas cabe aqui o questionamento: será mesmo que somos impotentes dessa forma? Será que não podemos fazer nada?

Se isso for verdade, se não há o que fazer para tornar sempre os bons momentos em longos momentos e os ruins em breves, então devemos usar a nossa própria matemática e garantir que a soma dos pequenos instantes de alegria seja maior do que os intermináveis aflitos. Só assim poderemos nos declarar senhores do nosso próprio tempo.

Made of Steel