quarta-feira, 30 de outubro de 2013

ESCOLHA

Todo segundo estamos fazendo escolhas. Nossa vida é uma enorme sucessão de opções e alternativas, apresentadas das mais diversas maneiras, nos mais variados prismas. Nós, influenciados por sentimentos ou informações que não possuíamos antes, podemos tomar decisões completamente opostas numa diferença de um piscar de olhos. Cada decisão tomada cria uma infinidade de universos paralelos onde teríamos seguido outro caminho, gerando um efeito espiral tamanho que o simples imaginar já é confuso e complexo demais!

Diante de tantas variáveis e incertezas, como podemos querer ter a pretensão de fazer sempre a escolha certa? Como podemos prepotentemente nos considerar capazes de ponderar todas as possibilidades e simplesmente dizer "é essa"?

A triste realidade é que não existe "opção correta". Sempre haverá algo que torna todas as alternativas minimamente positivas ou vantajosas e, em contra partida, também outro algo que se mostra ruim em cada uma delas. O segredo está num exercício diário de reflexão, onde todos os "prós" e "contras" são pesados, cada qual com sua relevância naquele momento (e, se possível, no futuro), para que, matematicamente, sejamos capazes de fazer "a melhor escolha".

Entretanto, por mais racional que a pessoa seja, ela ainda é movida por seus sentimentos em certo grau. Então encontramos um novo dilema: como mensurar um sentimento? Uma coisa tão inconstante, tão sensível, teria um cálculo tão preciso quanto alguém que tenta contar os grãos de areia durante uma tempestade no meio do deserto!

Justamente por essa fragilidade, algumas vezes nos são apresentadas escolhas que consideramos "difíceis". Essas, norteadas por um altíssimo grau de incerteza, são aquelas das quais temos menor domínio sobre as variáveis envolvidas. Na maioria dos casos, para tornar tudo ainda mais complicado, não temos a opção de testar as possibilidades e ter tempo de analisar qual delas trouxe o melhor resultado. Pior ainda, muitas vezes as alternativas são autoexcludentes... E então? O que fazer?

Acredito que devemos aceitar nossa imperfeição e insignificância diante de tal cenário, buscando simplesmente fazer o melhor possível para "acertar". Além disso, constatado nosso erro, ter a humildade de admitir e tentar contornar a situação, novamente, da melhor maneira possível, nesse ciclo infinito de possibilidades.

Você pode concordar comigo ou não. A escolha é sua!

Made of Steel

terça-feira, 15 de outubro de 2013

MONSTRO INSENSÍVEL

Numa manhã comum, enquanto comia meu café-da-manhã, estava assistindo o telejornal matinal, como de costume. Tudo ia bem, até que a jornalista noticiou friamente um acidente de carro que causou a morte de uma família inteira e, logo em seguida, em menos de um mísero segundo, abriu um sorriso enorme e entusiasmado para falar sobre como seria o clima no final de semana que estava por vir.

Será mesmo possível que chegamos nesse nível de indiferença? A vida de desconhecidos é tão insignificante assim? É inaceitável que tenhamos nos tornado monstros insensíveis, incapazes de ter compaixão e ficar impressionados com o fim da vida de outros seres humanos simplesmente pelo fato de não termos nenhuma relação afetiva com eles!

Foi então que percebi que eu tinha ficado mais revoltado com a mudança drástica de humor da apresentadora e a indiferença com que tratou a tragédia do que com as mortes em si. Ou seja, eu também não estava preocupado com o triste fim daquelas vidas desconhecidas! Eu também sou um monstro insensível...

Imediatamente fui levado de volta à antiga reflexão sobre aquilo que, ao meu ver, é a essência do ser humano: o egoísmo. (para ler meu texto que fala sobre o egoísmo, clique aqui)

Tudo isso só faz evidenciar aquilo que já é tão óbvio para todos nós, ainda que, num primeiro momento, seja negado pelas normas sociais do "correto" e "moral": a dor que sentimos é totalmente relativa e depende do quanto o fato ou objeto em questão nos é querido, podendo chegar ao cúmulo de valorizarmos mais utensílios mundanos (um celular, uma bola, uma carta, etc.) do que outras vidas, humanas ou não.

É melhor encerrar por aqui, pois o frio que percorre a minha espinha neste instante é incômodo demais. Mais incômodo que a morte de uma família desconhecida...

Made of Steel

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

TUDO E NADA EM UM SÓ

A vida humana é algo definitivamente fascinante. As pessoas nada mais são que personagens num grande enredo de comédia, drama, terror, tragédia, suspense e romance. Contamos nossas próprias histórias enquanto ajudamos outros a contarem as suas, mas somos tão preocupados com nossos mínimos mundinhos – tão imensos para nós – que nunca conseguimos enxergar além.

Vamos fazer um breve exercício: pense em várias situações cotidianas possíveis, as mais diversas que conseguir. Por mais louco que pareça, é bem provável que todas tenham acontecido, em algum lugar, exatamente no momento em que você leu esta frase. Mais louco ainda é que muitas outras situações sequer imaginadas também ocorreram e nós nunca saberemos.

Somos os personagens principais e coadjuvantes, somos o cenário, a plateia, o diretor e a própria história. Somos tudo ao mesmo tempo e, ainda assim, simplesmente não existimos para a grande maioria. Tudo e nada em um só.

Nos consideramos únicos e adoramos repetir que "não existe ninguém igual a outro". Mas se pararmos para pensar, essa inabalável instituição do "eu" nada mais é do que um punhado das características já existentes em outras pessoas mescladas de uma maneira caótica, como num grande quebra-cabeças disforme, reunidas num recipiente que muda a cada segundo, eternamente buscando "o formato perfeito" – se é que ele existe.

Como é dito no filme O Homem Bicentenário: "O que torna alguém único são suas imperfeições". Para ser perfeito, é preciso ter falhas. Para ser tudo, é preciso ser nada.

Made of Steel

domingo, 15 de setembro de 2013

SENHOR DO TEMPO

Um dos aspectos mais notáveis sobre o tempo cronológico é o quanto nossa percepção dele é relativa. O mais comum é constatar que ele parece lento em momentos chatos ou incômodos, enquanto se acelera nos instantes de prazer e alegria. Afinal, esperar numa fila de banco pode durar uma eternidade, mas enfrentar a mesma fila enquanto se tem uma conversa agradável com um amigo torna-se uma experiência curta.

Porém, paradoxalmente, existem situações em que ocorre o inverso. Essas ocasiões são geralmente muito comemoradas, pois os momentos de prazer são expandidos enquanto os tediosos são comprimidos. Até hoje não encontrei um padrão para esses casos. Infelizmente, continuam sendo um grande mistério para mim, um tesouro a ser desvendado.

A maioria das pessoas ignora ou negligencia esse relativismo do tempo. Ficam totalmente passivas imaginando que nada podem fazer para alterar essa situação. Acreditam que são reféns, incapazes de alterar suas próprias percepções sobre o avanço das horas. Mas cabe aqui o questionamento: será mesmo que somos impotentes dessa forma? Será que não podemos fazer nada?

Se isso for verdade, se não há o que fazer para tornar sempre os bons momentos em longos momentos e os ruins em breves, então devemos usar a nossa própria matemática e garantir que a soma dos pequenos instantes de alegria seja maior do que os intermináveis aflitos. Só assim poderemos nos declarar senhores do nosso próprio tempo.

Made of Steel