terça-feira, 15 de outubro de 2013

MONSTRO INSENSÍVEL

Numa manhã comum, enquanto comia meu café-da-manhã, estava assistindo o telejornal matinal, como de costume. Tudo ia bem, até que a jornalista noticiou friamente um acidente de carro que causou a morte de uma família inteira e, logo em seguida, em menos de um mísero segundo, abriu um sorriso enorme e entusiasmado para falar sobre como seria o clima no final de semana que estava por vir.

Será mesmo possível que chegamos nesse nível de indiferença? A vida de desconhecidos é tão insignificante assim? É inaceitável que tenhamos nos tornado monstros insensíveis, incapazes de ter compaixão e ficar impressionados com o fim da vida de outros seres humanos simplesmente pelo fato de não termos nenhuma relação afetiva com eles!

Foi então que percebi que eu tinha ficado mais revoltado com a mudança drástica de humor da apresentadora e a indiferença com que tratou a tragédia do que com as mortes em si. Ou seja, eu também não estava preocupado com o triste fim daquelas vidas desconhecidas! Eu também sou um monstro insensível...

Imediatamente fui levado de volta à antiga reflexão sobre aquilo que, ao meu ver, é a essência do ser humano: o egoísmo. (para ler meu texto que fala sobre o egoísmo, clique aqui)

Tudo isso só faz evidenciar aquilo que já é tão óbvio para todos nós, ainda que, num primeiro momento, seja negado pelas normas sociais do "correto" e "moral": a dor que sentimos é totalmente relativa e depende do quanto o fato ou objeto em questão nos é querido, podendo chegar ao cúmulo de valorizarmos mais utensílios mundanos (um celular, uma bola, uma carta, etc.) do que outras vidas, humanas ou não.

É melhor encerrar por aqui, pois o frio que percorre a minha espinha neste instante é incômodo demais. Mais incômodo que a morte de uma família desconhecida...

Made of Steel

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