"O ser humano é um vírus" dizem alguns estudiosos. Pensando bem, eles estão quase certos! Ao meu ver, não somos um vírus, mas sim um câncer. Afinal, até onde minha ignorância sobre medicina me permite saber, câncer é um tipo de anomalia celular, enquanto vírus são criaturas vindas de fora que de alguma forma vão parar dentro do nosso corpo e daí começam a fazer estragos. Como nós não viemos de outro planeta e (dentro da MINHA crença) nem fomos criados a partir do capricho de uma divindade, mas sim da evolução que ocorreu durante séculos, então nascemos no próprio planeta e, enlouquecidos, estamos tentando destruir o local onde vivemos.
Além do câncer, podemos fazer várias analogias interessantes sobre nosso papel no grande "organismo" que é nosso planeta. Muitos estereótipos criados por nós mesmos e que, ironicamente, são tão verdadeiros para nossa condição que sequer percebemos. Podemos ser "a ovelha negra" das espécies, por exemplo. Ou quem sabe até "o rebelde", aquele que quer "lutar contra o sistema". Também tem o "emo", que fica choramingando a própria desgraça sem perceber que pra mudar essa condição basta um pouco de força de vontade. Podemos ser também os "playboys" que se acham melhores que as demais espécies por algum motivo fútil.
Aliás, o que nos faz acreditar que somos superiores, afinal? Talvez nossos polegares opositores tão práticos. Talvez nossa inigualável capacidade bípede de se locomover. Pode ser também nosso costume de usar tecido para nos proteger (algo que chamamos de "roupa"). Certamente nossa inteligência super-desenvolvida, capaz de nos proporcionar todos os avanços e descobertas tecnológicas desde a roda até o último lançamento da Apple Inc. Obviamente, o simples fato de termos consciência da nossa superioridade já nos torna automaticamente superiores aos demais animais que vivem por aí. Estamos tão acima que nos tornamos praticamente intocáveis!
Grande piada! Temos carros, mas nos desesperamos com a presença de uma barata. Temos matemática, filosofia e química, mas nos suicidamos porque alguém disse na TV que o mundo acabaria em poucos dias. Temos cidades, mas somos obrigados a criar apresentações de PowerPoint que mostrem pras pessoas a importância de preservar o meio ambiente. Temos cirurgias para os olhos, mas somos cegos em perceber que não é o planeta que está implorando por salvação. Quem está implorando somos nós mesmos.
Tal qual um câncer, não há cura para nós. Pelo menos por enquanto. Um dia a Terra encontrará a resposta e, sem avisos, transformará esse câncer num capítulo dum livro de História que não terá nenhum grande estudioso para ler. E mesmo que não encontre, ao contrário de nós quando estamos terminalmente doentes, continuará existindo até que seu câncer destrua a si mesmo e desapareça. Provando, assim, que os humanos não eram tão superiores, afinal.
Made of Steel
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ResponderExcluirTa aí uma coisa que sempre pensei: somos um câncer. E já disse essa minha teoria em alto e bom tom para muita gente ouvir. E ela sempre é encarada com assombro em rodas de conversa de pessoas que se dizem “espiritualizadas”. Eu geralmente escuto: "Você, pensando assim?? Não diga isso! Não, você precisa ter esperança na humanidade!"
ResponderExcluirEsperança... Uma ideia tão vaga quanto a própria noção de superioridade. Realmente, o que nos torna melhores? O autor do post ironiza muito bem: “Talvez nossos polegares opositores tão práticos”. Somos o único ser (conhecido) do planeta capaz de modificar totalmente o mundo que vivemos, e também de pensar sobre o fato de pensarmos. E no que isso nos ajuda, exatamente?
“Temos cirurgias para os olhos, mas somos cegos em perceber que não é o planeta que está implorando por salvação.” Essa linda construção retrata uma realidade extremamente triste: somos seres desesperados. Temos um medo gigante do natural (que ironicamente é de onde nascemos), das imensas florestas e seus animais, do escuro da noite e de seus perigos. Então acabamos com as florestas, matamos os animais e enchemos tudo de luz elétrica. Pra quê? Pra continuarmos morrendo de medo. Medo da floresta de pedra, de seus predadores e de seus becos. Tudo isso porque somos desesperados que não se sentem parte nem da natureza e nem do mundo que criamos pra combatê-la. Não pertencemos a lugar nenhum e não nos vinculamos. Podemos simplesmente destruir à vontade, pois não respeitamos nada nem ninguém. Nem a nós.
“Um dia a Terra encontrará a reposta e (...) transformará esse câncer num capítulo dum livro de História que não terá nenhum grande estudioso para ler”.
Sim, somos um câncer. Uma doença auto-imune que cresce sem a menor preocupação do que acontecerá quando o corpo em que ela se encontra morrer.
Mas o planeta já percebeu que está doente, e já fez algumas sessões de "quimioterapia". O problema é que, assim como a quimioterapia, o tratamento mata não apenas as células cancerígenas, mas também aquelas que não têm nada a ver com a história. É como eu vejo os terremotos, tsunamis, furacões. Muitos seres vivos morrendo quando na verdade o único que deveria ser deletado da Terra somos nós.
Esperança? Sintam-se livres para senti-la. Eu não sou tão otimista.