terça-feira, 22 de novembro de 2016

NINGUÉM PARA USAR

Uma casa grande. Sofá macio com cinco lugares, além de poltronas e cadeiras extras. Uma TV de sabe-se-lá-quantas polegadas e uma razoável coleção de filmes. Mas ninguém para fazer companhia.

Portão automático com garagem para dois carros numa rua tranquila onde podem estacionar tantos mais. Belas portas para se abrir e janelas amplas para que entre muita luz. Mas ninguém para chegar.

Tantos copos guardados no armário. Talheres que serviriam cinquenta mãos. Pratos suficientes para um verdadeiro banquete. Mas ninguém para usá-los.

Ah... tão melhor seria se fosse um casebre abafado e mal iluminado, onde fosse preciso sentar no chão, comer com as mãos diretamente das panelas e a única atração fosse uma conversa alegre entre amigos!

Pra isso, é preciso abrir o coração ao invés de portas, iluminar com os olhos ao invés de janelas, alimentar com sorrisos ao invés de talheres. No lugar de DVDs, palavras doces. Sai o sofá macio e entra o abraço acolhedor.

Infelizmente, pra algumas pessoas, isso parece ser difícil de se fazer. Então elas continuam sem entender o que acontece, sem entender porque tudo que prepararam para receber o mundo não lhes trouxe o mundo.

"Happiness only real when shared", disse o filme. Mas, num tempo onde a primeira coisa que vem à mente ao dizer a palavra "compartilhar" é um botão virtual azul, aprender isso é uma lição preciosa.

Made of Steel

Um comentário:

  1. Nossa... continue escrevendo...li até aqui hoje. Mas, é tão "simples" e genuínos seus versos que ao mesmo tempo são grandes. Verdadeiros abraços mesmo, conversa com gente. Não pare, vi que sua última escrita foi em 2018. Admirei!

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