Ela tinha nome e beleza de sereia. Praticamente uma menina, com seu jeitinho meigo e cativante. Tinha desejos de mulher, e olhava para o futuro como uma gigante, apesar do corpo pequenino.
Nos conhecemos há poucos meses, num evento com muitos desconhecidos, mas de alguma maneira nos conectamos imediatamente. Não nos envolvemos profundamente, apenas tínhamos a sensação mútua de que fazíamos bem um para o outro, e isso bastava.
Olhos verdes, sorriso fácil e largo. Ambos muito presentes nas fotos que tirou no Domingo enquanto se aventurava na Selva de Pedra fazendo rapel numa de suas pontes. Atividade perigosa, mas feita em segurança.
Na segunda-feira, dia seguinte, ela estava morta.
Era Dia das Bruxas e, tal qual na Idade Média, uma mulher se viu atacada pelo fogo. Ironicamente, tudo aconteceu em sua casa durante a noite, enquanto todos dormiam. Atividade segura, mas que se tornou perigosa.
Era Dia das Bruxas e, tal qual na Idade Média, uma mulher se viu atacada pelo fogo. Ironicamente, tudo aconteceu em sua casa durante a noite, enquanto todos dormiam. Atividade segura, mas que se tornou perigosa.
Fogo-fátuo é um fenômeno da natureza que pode acontecer por causa dos gases liberados na decomposição de corpos. Na mitologia, poderiam ser fadas ou até mesmo demônios que levavam desavisados para emboscadas. No nosso folclore, está relacionado ao Boitatá.
No dicionário, fátuo: 1) Que possui uma opinião positiva muito elevada de si mesmo; que se julga melhor que os demais; presunçoso; 2) Que apresenta insensatez; insensato; 3) Que não dura muito; que não permanece; transitório.
Esse fogo foi, de fato, fátuo. Presunçoso, insensato. Ceifou a vida de uma garota que ainda tinha muitos sonhos pra concretizar e tantos outros para sonhar. Fátuo também foi nosso encontro. Transitório, breve. Mas nele também houve fogo, daquele que aquece e explode de um jeito bom.
Irônico que a serpente Boitatá tenha levado embora a sereia Iara exatamente no Dia do Saci.
Fica a lição de que, assim como o fogo, nós e a vida somos fátuos. Supervalorizamos a vida e a nós mesmos, como se esquecêssemos o quanto ela é curta e nós frágeis. Ambos insensatos e que não duram muito.
Que cada instante seja pleno e, ao seu modo, eterno.
Fique bem, pequenina!
Made of Steel
Nenhum comentário:
Postar um comentário