segunda-feira, 27 de junho de 2011

BAILE DE MÁSCARAS

Algo que sempre me incomodou na nossa sociedade são as "convenções". Elas são comportamentos socialmente aceitos e, pior que isso, esperados pelos demais, normalmente apresentadas como reações-padrão à determinadas situações. Porém, assim como um rebelde transgressor, me questiono o quanto elas são válidas e, mais ainda, verdadeiras.

Toda vez que alguém morre precisamos sentir tristeza? Sempre que alguém nasce devemos sorrir? Existem limites que nos são impostos e não podemos transgredi-los senão todos à nossa volta olharão com reprovação e farão seus julgamentos hipócritas impiedosos!

Isso nos obriga, então, a agir falsamente, escondendo nossas vontades e sentimentos. O que você pensa nunca será correto se for contra as convenções sociais. Esqueça! Seja aquilo que esperam de você e não terá problemas.

Um dia, quem sabe, as pessoas aprenderão que mesmo que algumas situações NORMALMENTE gerem reações parecidas, cada caso será diferente do outro. Isso acontece porque os indivíduos envolvidos são diferentes, as condições em que aconteceram são outras e, por isso, os resultados podem variar.

De qualquer forma, enquanto isso não acontece, voltamos ao nosso baile de máscaras onde trocamos lágrimas por sorrisos falsos e alegria verdadeira por melancolia pré-moldada.

Made of Steel

quarta-feira, 22 de junho de 2011

NO SEU DEVIDO LUGAR

Sou um usuário constante do transporte público paulista. Na minha rotina estão presentes horas dentro de um ônibus ou metrô. Durante esse tempo por vezes acabo fazendo minhas próprias observações e embarco em pensamentos profundos. 

Um deles é sobre o tal "assento preferencial". Vivo me perguntando "mas por que RAIOS existe essa merda?" e o motivo é bem simples: TODOS os assentos deveriam ser preferenciais! Pra mim é simplesmente inconcebível que um ser humano seja capaz de ver um outro mais frágil e se negar a oferecer-lhe uma gentileza pequena como essa que é ceder seu lugar.

E o que essa situação gera? Mais intolerância! Pessoas começam a não tolerar que idosos ou gestantes sentem nos "assentos comuns", afinal, eles já tem os preferenciais, não precisam de outros. Pior que isso: principalmente entre os idosos, mesmo tendo opção de se sentar em um local não-preferencial, eles não o fazem pois sabem que "seu lugar" é naquele reservado. Que ridículo!

É bem verdade que existem algumas pessoas que atrapalham. Idosos que se recusam a sentar por causa de seus orgulhos e, por isso, acabam caindo e se machucando. Mulheres que estão grávidas há 1 mês e fazem um verdadeiro escândalo se alguém não deixar ela, tão debilitada como está, descansar durante a viagem. Mas essas pessoas não são maioria, acredito eu, e por isso devem ser tratadas como a minoria desajustada que são.

Outra grande falha desse sistema está ligada à cultura brasileira de que exigir seus direitos não é algo educado. Uma pessoa que tenha direito ao assento preferencial por vezes precisa pedir para que uma pessoa "normal" dê lugar, mas, ao invés de fazê-lo, fica calada esperando que o outro perceba o que está acontecendo e tome uma atitude. E se o idoso ou gestante pedir, será encarado como uma pessoa incômoda.

Perceba como essa pequena situação específica já traz uma quantidade tão absurda de absurdos que não existe outra reação possível senão revolta. Mesmo assim, as pessoas continuam em suas hipocrisias egocentristas, onde seu conforto está acima dos demais e só acatam as leis (sejam elas jurídicas ou sociais) que lhe interessam em cada momento.

Todos deveriam perceber que mais importante que seu lugar num trem ou ônibus, é seu lugar na sociedade. E aqueles que cometem esses tipos de desrespeito, pra mim, estão num lugar bem abaixo do respeitável.

Made of Steel

segunda-feira, 20 de junho de 2011

DILEMA DO PESQUISADOR

Para pesquisar sobre algo é preciso interagir com o objeto de estudo. Porém, para não modificar os resultados, o pesquisador precisa manter-se neutro e distante. Naturalmente, essa tarefa não é fácil e, por óbvio, muitas vezes acaba falhando, geralmente provocando resultados diferentes.

Algum estudioso famoso disse uma vez que o simples fato do pesquisador observar o fenômeno já altera o resultado, mesmo que ele não interfira de nenhuma maneira. Tendo a concordar com isso, pois aprendi a acreditar em energias e, ao observar, o pesquisador estará interferindo, enviando suas próprias energias para o alvo.

É muito cruel imaginar que nunca será possível acompanhar um processo sendo totalmente neutro, bastando aceitar essa verdade e tentar ser o mais neutro possível. Isso tudo faz com que o verdadeiro pesquisador seja aquele que consiga minimizar sua interferência, e é isso que todos devem buscar.

É hora de pesquisar.
Made of Steel

quinta-feira, 16 de junho de 2011

SORRISO DA NOITE

Queria escrever um longo texto sobre o que senti hoje ao olhar para a lua, mas agora não acho que isso seja necessário. Muitos já escreveram sobre o fascínio da lua cheia, eu incluso, então é dispensável. Hoje, porém, tivemos um eclipse! Mesmo começando antes do anoitecer, pude ver a lua parcialmente encoberta enquanto a noite se fez presente.

A lua parecia um enorme sorriso no meio do céu noturno. E estava sorrindo para mim.

Made of Steel

sábado, 11 de junho de 2011

A MAÇÃ

Existe uma enorme macieira e, de tão enorme, dá frutos durante todo o ano. As maçãs que dela nascem são muito parecidas para qualquer observador casual, mas quem prestar um pouco mais de atenção perceberá que cada maçã é única em sua existência, mesmo que ainda sejam todas igualmente maçãs.

Algumas são maiores que outras, suas formas vão desde a esfera mais perfeita até a completa disformidade, suas colorações variam em diferentes tons de verde e vermelho. Dividem-se entre os galhos de maneira caótica, nem todas respeitam o espaço das demais e teimam em crescer espremidas quando poderiam usar o espaço disponível à poucos metros.Também é verdade que dentre elas existem aquelas que apodrecem mais rápido que as demais, enquanto outras simplesmente recusam-se à apodrecer, mantendo-se saudáveis e açucaradas até o fim.

No meio de tantas maçãs, existe uma em particular que hoje está em evidência. Ela não é e nem nunca foi a mais doce, nem a mais redonda, nem mais avermelhada, mas também estava longe de ser uma maçã horrível e podre. Ela já está pendurada na enorme árvore há um bom tempo, o vento está fazendo-a balançar muito e, à qualquer momento, cairá.

As maçãs mais próximas, acostumadas com sua presença ali ao lado, observam preocupadas seu balanço, mas sabem que nada podem fazer para ajudá-la, restando-lhes apenas a expectativa. "Quando vai acontecer? Sabemos que é inevitável, mas quando?" – pensam as maçãs.

Cedo ou tarde, ela cairá e finalmente tocará o solo. Estará livre da árvore e poderá deixar-se ser carregada pelo vento. Talvez conheça muitos outros lugares antes de desaparecer, mas não poderá partilhar nada com suas antigas colegas, pois elas estarão longe, presas na árvore. 

Ao menos, para aquelas que ficaram, restará o alívio do fim da agonia e a esperança de que a vida no solo seja melhor que nos galhos da enorme macieira.

Made of Steel

segunda-feira, 6 de junho de 2011

SIMULTANEIDADE

Estudos já comprovaram que uma das várias diferenças entre homens e mulheres está na capacidade que cada um tem em administrar funções e tarefas. Homens não conseguem realizar muitas atividades simultâneas, mas costumam se sair melhores naquelas em que decidem se especializar. Já as mulheres, conseguem ser verdadeiras "multifuncionais", cuidando de várias coisas ao mesmo tempo sem perder o foco de nenhuma delas. Mas desde que vi um personagem recente de novela tenho me perguntado: e no amor?

Vivemos uma sociedade católica, portanto monogâmica, em que a esmagadora maioria se deixa levar pelo pecado capital da luxúria para sentir prazer de diferentes amantes. O grande problema está na facilidade com que isso acontece, demonstrando que os laços "afetivos" que ligam os casais não são nem de longe fortes e sólidos.

Eis então que vejo o tal personagem da novela: um coitado que sente amor verdadeiro por três mulheres ao mesmo tempo, mantendo seus relacionamentos em segredo entre elas. Todas acreditam ter encontrado o homem de seus sonhos, o príncipe encantado, quando na verdade são apenas mais uma das "sortudas".

Fico me perguntando se é possível sentir amor verdadeiro por mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Minhas referências culturais e sociais dizem que não, mas sendo bem sincero já não tenho tanta certeza. Amar é um sentimento tão bom, por que deveria ser exclusivo? O que importa acima de tudo é a felicidade dos envolvidos, não é?

Tento me colocar hipoteticamente nessa situação para tentar prever como reagiria. No campo teórico tudo é sempre mais fácil! Se minha amada encontrasse outro que despertasse nela a mesma alegria que encontra comigo, de uma forma pura e verdadeira, sem diminuir o que sente por mim, acredito que conseguiria ser compreensível e, em nome de sua felicidade, superar meu egoísmo e permitir. Ao menos em teoria.

E no oposto? Se eu me apaixonar por mais alguém verdadeiramente sem deixar de amá-la? Não tenho como ter certeza alguma sobre a reação da minha amada. Sendo compreensível e permitindo, provavelmente seria uma grande alegria para todos, mas caso ela negue terei que sofrer para sempre? Realmente, é algo muito complicado.

Como disse no texto anterior, quantos mais "e se..." aparecem, mais absurdo fica. Melhor parar por aqui antes que fuja totalmente do real. Enquanto isso, manterei-me na teoria.

Made of Steel

sábado, 4 de junho de 2011

E SE AQUI TIVESSE UM TÍTULO MELHOR?

Todos gostam de criar seus próprios objetivos utópicos e chamá-los de "sonhos". Cada ser humano vivo tem pelo menos um sonho que guia sua vida e, em muitos casos, ele dá muitas dicas sobre a personalidade da pessoa. Porém, sonhos dificilmente tornam-se realidade, sendo portanto uma possível fonte de frustrações. Por outro lado, a simples possibilidade de concretizá-lo, por mais remota que seja, traz muita alegria.

Um recurso muito utilizado por nós quando nos referimos a nossos sonhos é iniciar as frases com "e se..." seguidas de alguma situação hipotética. E se eu ganhasse na mega-sena acumulada de R$ 100 milhões? E se amanhã fosse seu último dia de vida? E se as pessoas parassem de usar tanto o "e se..."?

O mais triste disso é constatar o quanto adicionar "e se..." no começo da frase a torna automaticamente absurda ou improvável. São raros os casos onde empregamos esse recurso para hipóteses com alta probabilidade de acontecerem, pois nessas situações usamos termos mais concretos e que trazem maior certeza.

Particularmente evito até mesmo pensar em frases desse tipo. Infelizmente, nos últimos tempos tenho cada vez mais me percebendo cometendo esse engano. São muitas dúvidas, muitos questionamentos, possibilidades absurdas, idéias mirabolantes, tudo sempre "e se...".

Adoraria conhecer as respostas, mas por enquanto me resta conviver com as interrogações e tentar resolvê-las uma-a-uma. E se um dia tudo se resolver, o que farei? Por hora, não sei. E se o sono não me dominasse a mente obrigando-me a parar de escrever? Simplesmente desisto.

Made of Steel

quinta-feira, 2 de junho de 2011

CONVERSAS

Uma das características mais marcantes da existência humana é nossa necessidade de socializar. Precisamos, para nossa simples sobrevivência, de algum tipo de interação com o outro. Claro que provavelmente já ouviram a história daquele eremita que decidiu viver isolado nas montanhas, mas ele não nasceu brotando de uma pedra e se alimentou de ar e chuva até ficar adulto o suficiente para decidir pelo isolamento. Em algum momento de sua vida, por mais breve que tenha sido, ele trocou algumas palavras com alguém.

Dentre as diversas formas de interação social, a mais básica é a conversa. Conversas podem ter assuntos complexos e profundos ou servirem apenas para divertir, mas todas elas possuem um poder inerente de gerar conclusões por cada um sobre todas as pessoas envolvidas nela. E é justamente esse poder que me fascina!

Uma pessoa que seja hábil com as palavras conseguirá extrair de seu par muitas informações e, se assim quiser, não transmitirá nada além do planejado. Não que isso seja algo negativo ou que devemos todos entrar numa paranóia insana imaginando que conversas são grandes duelos de intelectos dispostos a dissecar os segredos uns dos outros, pois tudo dependerá do tipo da conversa, de quais informações estão em jogo e o que será feito delas.

Conversar é um exercício praticado durante toda a vida e aqueles que dominam essa arte costumam se destacar. Acredito que o mundo seria um lugar bem melhor se as pessoas usassem mais frequentemente esse recurso tão cotidiano ao invés de apelar para modos agressivos de exposição (nesse caso, imposição) de suas opiniões e vontades. 

Talvez justamente por ser tão simples é que o ato de conversar seja negligenciado, assim como outras ações como respirar e caminhar, esquecidas quase o tempo todo, sem receber a devida atenção. Um dia, quem sabe, a humanidade aprenderá que coisas simples são também importantes e na maioria dos casos podem ser ainda mais decisivas que outras. Espero estar vivo para presenciar isso.

Made of Steel